A implementação de uma estratégia baseada na EE na avaliação destes doentes depende, por isso, da disponibilidade da técnica e da experiência do centro. A CPRE e a manometria do esfíncter de Oddi devem ser reservadas para
os doentes com pancreatite aguda recorrente e resultados negativos na EE, especialmente se previamente colecistectomizados117. A PAI é uma doença inflamatória do pâncreas que tem vindo a ser reconhecida de forma crescente118. A apresentação clínica é variável (dor abdominal, insuficiência pancreática ou icterícia obstrutiva indolor), e pode mimetizar o carcinoma pancreático, Selleckchem Ku-0059436 sendo identificada em 3-5% das peças operatórias dos doentes submetidos a duodenopancreatectomia por suspeita tumoral119 and 120. O diagnóstico requer geralmente um elevado grau de suspeição e é estabelecido com base numa
combinação de critérios clínicos, serológicos, imagiológicos e histológicos121, 122, 123 and 124. Existem dois tipos de PAI: o tipo 1 ou pancreatite esclerosante linfoplasmocitária, mais comum, e o tipo 2 ou pancreatite crónica ducticêntrica idiopática. A PAI tipo 1 atinge mais frequentemente indivíduos learn more do sexo masculino e com uma idade superior a 50 anos. É considerada uma manifestação pancreática de uma doença autoimune sistémica, podendo cursar com envolvimento de outros órgãos (colangite esclerosante, fibrose retroperitoneal, envolvimento renal, aumento dimensional das glândulas salivares) e com a presença de autoanticorpos séricos, que são inespecíficos. A maioria dos doentes apresenta títulos elevados de IgG4. Contudo, elevação destes títulos pode ser observada em doentes com outras patologias Etofibrate pancreáticas. Gahzaale et al. investigaram o papel diagnóstico da IgG4 na PAI e reportaram uma sensibilidade de 76%, uma especificidade de 93% e um VPP de 36% para um cut-off de 140 mg/dL; se o cut-off for 280 mg/dl a sensibilidade desce para 53%, mas a especificidade
e o VPP sobem para 99 e 75%, respetivamente 125. Histopatologicamente, o pâncreas apresenta um denso infiltrado inflamatório periductal constituído sobretudo por linfócitos e plasmócitos IgG4-positivos, marcada fibrose intersticial, graus variáveis de atrofia acinar e lesões de flebite obliterativa. A PAI tipo 2 atinge doentes de ambos os sexos em igual proporção e com um maior espectro de idades. Com frequência, os níveis séricos de IgG4 são normais. Morfologicamente caracteriza-se pela existência de lesões epiteliais granulocíticas. Está descrita uma associação com a doença inflamatória intestinal, que está presente em 16% dos doentes 126. Classicamente, os métodos de imagem seccionais mostram um pâncreas focal ou difusamente aumentado e de aspeto «pseudocapsulado».